IncêndiosLeis e Normas
A formação ideal das brigadas de incêndio

Os tipos principais de ferimentos são as entorses, os ferimentos cortantes e as hemorragias. As mãos são as partes do corpo que mais sofrem ferimentos. Já o calor produzido pelos incêndios afeta diretamente as pessoas expostas em função da distância e das temperaturas alcançadas e poderá produzir desde pequenas queimaduras até a morte.
A exposição ao ar aquecido aumenta o ritmo cardíaco, provoca desidratação, esgotamento, bloqueio do trato respiratório e queimaduras. As pessoas expostas a ambientes com excesso de calor podem morrer se este ar quente entrar nos pulmões. As pessoas não devem entrar em ambientes com atmosferas que excedam os 50 °C sem roupas de proteção e conjuntos de proteção respiratória.
Segundo a teoria básica do desenvolvimento do fogo, seu efetivo controle e extinção requerem um entendimento da natureza físico/química do fogo e isso inclui informações sobre fontes de calor, composição e características dos combustíveis e as condições necessárias para a ocorrência da combustão ou fogo. Fogo e combustão são termos frequentemente usados como sinônimos. Entretanto, tecnicamente, o fogo é uma forma de combustão.
Como um processo, o fogo pode assumir muitas formas, que envolvem reações químicas entre substâncias combustíveis e o oxigênio do ar. O fogo quando aproveitado corretamente fornece grandes benefícios que podem suprir as necessidades industriais e domésticas, mas, quando descontrolado, pode causar danos materiais e sofrimento humano.
A NBR 14276 de 12/2006 – Brigada de incêndio – Requisitos estabelece os requisitos mínimos para a composição, formação, implantação e reciclagem de brigadas de incêndio, preparando-as para atuar na prevenção e no combate ao princípio de incêndio, abandono de área e primeiros socorros, visando, em caso de sinistro, proteger a vida e o patrimônio, reduzir as consequências sociais do sinistro e os danos ao meio ambiente. Esta norma é aplicável para toda e qualquer planta.
O responsável pela brigada de incêndio da planta deve planejar e implantar a brigada de incêndio, bem como monitorar e analisar criticamente o seu funcionamento, de forma a atender aos objetivos desta norma. Além disso, deve emitir o atestado de brigada de incêndio.
O responsável pela ocupação da planta deve arquivar todos os documentos que comprovem o funcionamento da brigada de incêndio, por um período mínimo de cinco anos. Em caso de alteração do responsável pela brigada de incêndio, o responsável pela ocupação da planta deve documentar essa alteração por escrito.
Para o planejamento para composição, formação, implantação e reciclagem da brigada de incêndio, deve-se estabelecer os parâmetros mínimos de recursos humanos, materiais e administrativos necessários para a composição, formação, implantação e reciclagem da brigada de incêndio. A composição da brigada de incêndio de cada pavimento, compartimento ou setor é determinada pelo anexo A, que leva em conta a população fixa, o grau de risco e os grupos/divisões de ocupação da planta. O grau de risco de cada setor da planta pode ser obtido no anexo C ou D.
O organograma da brigada de incêndio da planta varia de acordo com o número de edificações, o número de pavimentos em cada edificação e o número de empregados em cada setor/pavimento/compartimento/turno. O coordenador geral da brigada é a autoridade máxima na empresa no caso da ocorrência de uma situação real ou simulado de emergência, devendo ser uma pessoa com capacidade de liderança, com respaldo da direção da empresa ou que faça parte dela. Para as eventuais ausências do coordenador geral da brigada, deve estar previsto no plano de emergência da planta um substituto treinado e capacitado, sem que ocorra o acúmulo de funções.
Os candidatos a brigadista devem ser selecionados atendendo ao maior número de critérios descritos a seguir: permanecer na edificação durante seu turno de trabalho; possuir boa condição física e boa saúde; possuir bom conhecimento das instalações; ter mais de 18 anos; e ser alfabetizado. Os candidatos a brigadista devem frequentar um curso com carga horária mínima definida nos anexos A e B. A validade do treinamento completo de cada brigadista é de no máximo 12 meses.
As atribuições da brigada de incêndio são as seguintes: ações de prevenção; conhecer o plano de emergência contra incêndio da planta; avaliar os riscos existentes; inspecionar as rotas de fuga; elaborar relatório das irregularidades encontradas; encaminhar o relatório aos setores competentes; orientar a população fixa e flutuante; participar dos exercícios simulados; nas ações de emergência, aplicar os procedimentos básicos estabelecidos no plano de emergência contra incêndio da planta até o esgotamento dos recursos destinados aos brigadistas.
A implantação da brigada de incêndio da planta deve seguir o anexo E. A composição da brigada de incêndio, a identificação de seus integrantes com seus respectivos locais de trabalho e o número de telefone de emergência da planta devem ser afixados em locais visíveis e de grande circulação
Em locais com mais de um pavimento: nunca utilizar o elevador, salvo por orientação da brigada; descer até o nível da rua e não subir, salvo por orientação da brigada; ao utilizar as escadas, deparando-se com equipes de emergência, dar passagem pelo lado Interno da escada. E, em situações extremas, evitar retirar as roupas e, se possível, molhá-las; se houver necessidade de atravessar uma barreira de fogo, molhar todo o corpo, roupas, sapatos e cabelo; proteger a respiração com um lenço molhado junto à boca e ao nariz e manter-se sempre o mais próximo do chão, já que é o local com menor concentração de fumaça; antes de abrir uma porta, verificar se ela não está quente; se ficar preso em algum ambiente, aproximar-se de aberturas externas e tentar de alguma maneira informar sua localização; e nunca saltar.
Mauricio Ferraz de Paiva é engenheiro eletricista, especialista em desenvolvimento em sistemas, presidente do Instituto Tecnológico de Estudos para a Normalização e Avaliação de Conformidade (Itenac) e presidente da Target Engenharia e Consultoria – mauricio.paiva@target.com.br
https://revistaadnormas.com.br/2019/01/22/a-formacao-ideal-das-brigadas-de-incendio/